O senador Rogério Marinho (PL) insinuou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi “usado” pelo presidente Donald Trump para obter vantagens para os Estados Unidos junto ao Brasil. A afirmação foi feita em vídeo publicado nas redes sociais do líder da oposição após o governo norte-americano anunciar, na sexta-feira (12), a retirada do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e de sua esposa Viviane Barci de Moraes da lista de sancionados pela Lei Magnitsky.
“Esse não é um bom dia para a democracia brasileira, pela mensagem que essa sanção levantada traz e a narrativa que a esquerda brasileira que comemora está fazendo”, lamentou o senador.
Marinho afirmou que, quando a sanção foi imposta, os bolsonaristas acreditavam que o presidente Donald Trump e os Estados Unidos “estavam preocupados com a questão da invasão de prerrogativas entre poderes, com direitos fundamentais dos brasileiros e dos cidadãos norte-americanos que aqui vinham e que tinham interesses no Brasil, que havia uma genuína preocupação com a liberdade de expressão, com a democracia como um todo e com o devido processo legal”.
No entanto, segundo o senador, o anúncio do fim da sanção contra Alexandre de Moraes significa que “está cada vez mais claro que países não têm afinidade nem afeto, têm interesses”.
“O presidente Bolsonaro foi usado como argumento, inclusive na carta enviada ao Brasil, para que essa tarifa fosse imposta, uma tarifa excessiva, na minha opinião, subsequentemente à sanção da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre Morais”, disse, referindo-se ao tarifaço de 50% sobre os produtos importados do Brasil pelos Estados Unidos, anunciado no início de julho pelo presidente Donald Trump.
Tarifaço e Magnitsky, apostas da extrema direita para impedir condenação de Bolsonaro, fracassaram
O tarifaço e a Lei Magnitsky faziam parte do plano dos bolsonaristas para tentar interferir no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que terminou sendo condenado a mais de 27 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelo seu envolvimento na trama golpista que resultou nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
No dia 20 de novembro, os bolsonaristas amargaram a primeira derrota quando Donald Trump assinou um decreto suspendendo o tarifaço sobre a maioria dos produtos agrícolas que ainda estavam sobretaxados.
Em julho, o governo norte-americano já havia divulgado uma lista de exceções com quase 700 produtos. A relação aumentou em novembro com a adição de dezenas de outros itens, como café, cortes de carne bovina, açaí, tomate, manga, banana e cacau.
A segunda derrota dos bolsonaristas veio justamente com o anúncio do fim da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes. A notícia foi recebida em clima de velório pela extrema direita brasileira, como se percebe no tom do vídeo do senador Rogério Marinho.
Antes defensor de intervenção dos EUA, Marinho agora diz que “resolução dos nossos problemas está no nosso país”
O senador potiguar afirmou, ainda, que “corre na imprensa que houve um preço nessa negociação” para o fim da sanção contra Alexandre de Moraes.
O “preço”, segundo ele, envolveria “desde negociações comerciais, mineração de terras raras, interesses das big techs e das plataformas de redes sociais, programas ligados a satélites e ações de interesse estratégico dos dois países até a cabeça do ditador venezuelano Nicolás Maduro ao governo norte-americano intermediado por Lula”.
Marinho, que antes defendia a intervenção dos Estados Unidos sobre a soberania do Brasil, agora disse esperar que o episódio “sirva para que a sociedade brasileira entenda que a resolução dos nossos problemas está no nosso país, junto com o nosso povo e da maneira correta no debate político”.
O líder da oposição voltou a defender a aprovação do “PL da Dosimetria”, que reduz as penas dos condenados envolvidos na trama golpista, entre os quais o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“É o primeiro passo, não é o que queríamos, mas é o que temos”, resignou-se, afirmando que o projeto de lei da “anistia branda” para os golpistas é um passo para que o país “volte a esperar a democracia”.
Fim da sanção é reafirmação da soberania nacional, defendem representantes da esquerda

Enquanto os bolsonaristas lamentaram o fim da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes, representantes da esquerda potiguar comemoraram o anúncio como a reafirmação da soberania do Brasil.
Para a deputada federal Natália Bonavides (PT), o anúncio da retirada da sanção “é um passo importante rumo ao fim das ilegalidades cometidas pelo governo Trump”, mas ela acrescentou que “não podemos esquecer que parte do tarifaço ainda segue em vigor”.
“O governo Lula continua trabalhando para reverter esse cenário, inclusive porque o Rio Grande do Norte ainda tem dois de seus principais produtos de exportação taxados, que são o sal e o pescado”, pontuou.
Natália enfatizou que “as ações criminosas da família Bolsonaro seguem prejudicando o povo brasileiro, especialmente o povo potiguar”.
“Ao mesmo tempo, o projeto de dosimetria que avança no Congresso Nacional é, na prática, um afago a bandidos perigosos. Esse debate escancara quem realmente defende criminosos: a direita, que não hesita em aliviar penas até para estupradores quando isso serve para proteger seus líderes e organizações criminosas”, denunciou.
Fonte: saibamais.jor.br






