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Após operação contra “Pica-Pau”, dona de casa recorre a vaquinha para recuperar imóvel destruído


Três semanas após um dos confrontos policiais mais longos da história recente do Rio Grande do Norte, o cenário na casa onde Marcelo Jhonny Viana Bastos, conhecido como “Pica-Pau”, foi morto ainda é de destruição e abandono. O tiroteio, que durou cerca de 22 horas entre os dias 26 e 27 de julho no loteamento Portal do Sol, em Extremoz, deixou o imóvel completamente danificado, e com a vida da proprietária, a recepcionista Cecília Gabriela, virada de cabeça para baixo.

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Ao retornar ao local, Cecília encontrou buracos de bala nas paredes, portas arrancadas, piso coberto por destroços e restos de bombas espalhados. “Foi usada uma bomba adesiva que explode apenas um pedaço quadrado da parede. Há tiros no banheiro, nos dois quartos, na sala, na cozinha e até nas casas vizinhas. Ainda restam bombas no local. Pensavam que ele estava no quarto, mas ele estava se arrastando do banheiro para a cozinha”, relatou à TV Ponta Negra.

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O imóvel, comprado há poucos anos por R$ 140 mil e pago com muito esforço, entrada de R$ 7,5 mil e parcelas de R$ 500, era motivo de orgulho. Cecília foi a primeira da família a ter a casa no próprio nome. “Trabalhei duro, fiz horas extras, trabalhei em feriados para conseguir juntar a entrada. Era o meu sonho, e foi destruído em poucas horas”, lamentou.

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Além dos danos estruturais, a recepcionista diz que sofreu com o saqueamento. Durante a perícia, ainda havia móveis e eletrodomésticos na casa, mas, segundo ela, moradores invadiram o imóvel e levaram tudo: roupas, máquina de lavar, ventilador. “Pedi quase chorando para não entrarem, que precisávamos registrar para o boletim de ocorrência e buscar meus direitos. Mesmo assim, derrubaram o portão e levaram tudo na minha frente.”

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Agora, Cecília enfrenta uma batalha para conseguir reformar a casa. Sem recursos, precisa de pelo menos dois laudos técnicos, um de engenharia para calcular os prejuízos e outro de corretor para avaliar o valor atual do imóvel. O mais barato encontrado custa R$ 1,2 mil. “Sou sozinha, não tenho quem me ajude financeiramente. As pessoas falam para entrar na Justiça contra o Estado, mas não é simples assim”, afirma.

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Para tentar recomeçar, ela iniciou uma vaquinha virtual para reconstruir o muro e proteger o imóvel. “Quem puder ajudar, o PIX é ceciliagabriela987@gmail.com. Aqui não falamos só de dinheiro, mas de amor, empatia e ajuda. Muitas pessoas sonham em ter casa própria e não conseguem. Eu consegui, mas infelizmente acabou assim.”

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O caso “Pica-Pau”

Marcelo Jhonny Viana Bastos, o “Pica-Pau”, foi morto por volta das 8h15 de 27 de julho, após resistir à prisão com um fuzil de grosso calibre. O cerco policial começou na manhã do dia 26, após denúncia de que um carro roubado estava na casa. No primeiro confronto, dois comparsas foram mortos e três policiais ficaram feridos.

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Mesmo com negociações e a presença de familiares, Marcelo gravou um vídeo afirmando que não se entregaria vivo. Apontado como líder do “Novo Cangaço”, facção dissidente do “Sindicato do Crime”, ele era investigado por assaltos a bancos, roubos de veículos de luxo, homicídios e participação no assalto a um carro-forte em Natal, em agosto de 2024, quando o vigilante Janielson Carvalho Correia foi morto. A polícia atribuía a ele pelo menos 14 assassinatos em um único mês.

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A ação, que contou com o Batalhão de Choque, a Polícia Civil e o Bope, é considerada uma das operações mais intensas já realizadas no estado.

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