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Agência Saiba Mais: Comerciantes do Beco da Lama sofrem com aluguéis e baixo movimento


A queda de movimento no bairro da Cidade Alta, centro comercial e histórico de Natal, já se reflete no Beco da Lama, tradicional reduto da boemia na capital potiguar. Os comerciantes da região enfrentam o desafio de equilibrar as contas diante do baixo movimento e temem o fechamento de bares e restaurantes, como já ocorreu no comércio da vizinhança.

O comerciante Abdon aproveitou o fim da pandemia da Covid-19 e a reabertura do Beco da Lama, em 2021, para também inaugurar seu estabelecimento. Depois de um tempo fechado para reforma, o Beco ganhou novas cores, a padronização do piso e um boom que trouxe de volta as rodas de samba e um movimento como há muito não se via no centro da cidade.

Mas, a revitalização do espaço gerou uma valorização que alguns comerciantes já não conseguem mais dar conta, com a, nem tão recente, queda no número de frequentadores do Beco.

Depois da revitalização, com as pinturas e o boom, os proprietários aproveitaram e começaram a aumentar os preços dos aluguéis. Quando fazemos qualquer benefício no prédio, eles não descontam nada, se você fizer qualquer reforma, é por sua conta. Eles também não se importam se um prédio fica fechado, o meu estava fechado há quase seis anos quando resolvi alugar”, conta Cláudio Abdon, proprietário do Lama Bar, que fica na esquina do Beco da Lama com a Rua Ulisses Caldas.

Com dificuldade em se manter apenas com o bar, o comerciante ampliou os serviços e passou a oferecer almoço, decisão que tem feito a diferença no fim do mês.

O que está me salvando hoje é o almoço. Quando comecei a perceber que só o bar, com bebidas e tira-gostos não estava dando, comecei a trabalhar com almoço, que ofereço de segunda a sábado. É uma comida caseira, feita todo dia…novinha. É o que tá me segurando aqui”, desabafa Abdon, que abre o estabelecimento diariamente às 8h da manhã.

Na segunda e terça fechamos mais cedo, às 19h. Na quinta, como tem o samba lá em cima, de Nazaré mais cedo e depois o do Borogodó, fico até mais tarde, até umas 22h. No sábado passado, se eu tivesse fechado às 16h não teria feito diferença nenhuma, porque não tinha ninguém no Beco da Lama. Não sei o que aconteceu, já estava vindo fraco, mas foi pior que uma segunda-feira”, lamenta Abdon.

Fiação elétrica ruim

Além de aluguéis compatíveis com a realidade local, os comerciantes do Beco da Lama e adjacências também querem algumas melhorias para a região, como a substituição dos fios suspensos na rua por fiação embutida (apenas uma parte foi embutida com a reforma de 2021), iluminação e instalação de câmeras de segurança.

Os aluguéis estão muito caros, giram em torno de R$ 2 mil, R$ 1.500 por mês, fora água e luz. Para fazer um evento há toda uma dificuldade, como pode pagar desse jeito? Há locais que o aluguel chega até a R$ 3 mil”, critica Maria Gorette, Diretora Executiva da Sociedade dos Amigos e Amigas do Beco da Lama e Adjacências que, desde 2017, junto com os comerciantes da região, deu início a um movimento para tornar o local Patrimônio Cultural.

“Foi o que deu início ao processo de requalificação do Beco da Lama, com o nivelamento do piso e mudança em parte da fiação, que passou a ser embutida, mas a reforma parou. É preciso tombar o Beco da Lama, a Coronel Cascudo e as adjacências como um Espaço Cultural, porque facilita a questão do reordenamento elétrico. É nesse local onde se concentram as atividades culturais. Nossa maior dificuldade junto ao Corpo de Bombeiros para realizar eventos é, justamente, a falta de estrutura. Não é possível instalar estrutura nenhuma embaixo de fiação elétrica. É preciso respeitar a distância de 1,5 metro da fiação, não pode ter nada embaixo, nem de metal, pano, madeira ou alvenaria. Hoje vemos comerciantes fechando as portas e aqueles que querem empreender, não tem movimentação”, acrescenta.

Atualmente, há cerca de sete estabelecimentos fechados no Beco da Lama e adjacências. Sem conseguir negociar o valor do aluguel, o proprietário do Borogodó decidiu entregar um dos espaços que usava para guardar material como mesas e cadeiras.

“Entregamos um dos espaços que utilizávamos como depósito. É preciso considerar também o tipo de uso que se faz dos espaços, o que decidimos entregar, por exemplo, era apenas uma área de depósito, mas, infelizmente, o proprietário não entendeu e tivemos que reduzir esse custo”, lamenta Bruno Sabino, que chegou a avaliar a possibilidade de abertura de uma outra unidade do bar na Zona Norte de Natal.

Não avançamos nessa proposta ainda, só fizemos um levantamento de custos e encontramos espaços com mais estrutura e com aluguel 50% menor. Para o Beco continuar funcionando, os proprietários dos imóveis e o poder público precisam ter um carinho conosco. No último sábado trouxe Preto no Branco tirando do próprio bolso! Fazemos eventos sem nenhum apoio e acaba sendo um custo muito alto pra gente por causa do movimento fraco”, Bruno.

Adjacências

Mas, o problema não se restringe estritamente ao Beco da Lama. Em suas adjacências está o camelódromo, que atualmente possui mais bancas fechadas do que abertas, além de um telhado incompleto, que provoca inundações na área interna em dias de chuva.

“É um descaso! As telhas voaram, quando chove molha mais dentro do que fora, 90% das bancas estão fechadas porque o pessoal prefere ir pra rua, aqui dentro não chama ninguém e o povo tem até medo de entrar. Isso aqui virou uma bomba relógio”, revela Iaponira Maia Monteiro, que tem uma perfumaria e um pequeno restaurante, onde serve almoço e tira-gosto.

Com o “Rabo Cheio”, uma surpreendente rabada com jambu, Iaponira levou o 1º lugar do Festival Prato do Mundo, do Beco da Lama, em 2022, sendo novamente premiada no ano passado, em 5º lugar, com uma buchada de carneiro.

Eu só não fechei ainda porque não pago aluguel, senão, com certeza já teria baixado as portas. Também tenho uma clientela, porque trabalho com temperos naturais, comida regional, é uma comida diferenciada, que você não acha em qualquer lugar”, revela a comerciante.

Fonte: Mirella Lopes – Saiba Mais


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Agência Saiba Mais: Comerciantes do Beco da Lama sofrem com aluguéis e baixo movimento


A queda de movimento no bairro da Cidade Alta, centro comercial e histórico de Natal, já se reflete no Beco da Lama, tradicional reduto da boemia na capital potiguar. Os comerciantes da região enfrentam o desafio de equilibrar as contas diante do baixo movimento e temem o fechamento de bares e restaurantes, como já ocorreu no comércio da vizinhança.

O comerciante Abdon aproveitou o fim da pandemia da Covid-19 e a reabertura do Beco da Lama, em 2021, para também inaugurar seu estabelecimento. Depois de um tempo fechado para reforma, o Beco ganhou novas cores, a padronização do piso e um boom que trouxe de volta as rodas de samba e um movimento como há muito não se via no centro da cidade.

Mas, a revitalização do espaço gerou uma valorização que alguns comerciantes já não conseguem mais dar conta, com a, nem tão recente, queda no número de frequentadores do Beco.

Depois da revitalização, com as pinturas e o boom, os proprietários aproveitaram e começaram a aumentar os preços dos aluguéis. Quando fazemos qualquer benefício no prédio, eles não descontam nada, se você fizer qualquer reforma, é por sua conta. Eles também não se importam se um prédio fica fechado, o meu estava fechado há quase seis anos quando resolvi alugar”, conta Cláudio Abdon, proprietário do Lama Bar, que fica na esquina do Beco da Lama com a Rua Ulisses Caldas.

Com dificuldade em se manter apenas com o bar, o comerciante ampliou os serviços e passou a oferecer almoço, decisão que tem feito a diferença no fim do mês.

O que está me salvando hoje é o almoço. Quando comecei a perceber que só o bar, com bebidas e tira-gostos não estava dando, comecei a trabalhar com almoço, que ofereço de segunda a sábado. É uma comida caseira, feita todo dia…novinha. É o que tá me segurando aqui”, desabafa Abdon, que abre o estabelecimento diariamente às 8h da manhã.

Na segunda e terça fechamos mais cedo, às 19h. Na quinta, como tem o samba lá em cima, de Nazaré mais cedo e depois o do Borogodó, fico até mais tarde, até umas 22h. No sábado passado, se eu tivesse fechado às 16h não teria feito diferença nenhuma, porque não tinha ninguém no Beco da Lama. Não sei o que aconteceu, já estava vindo fraco, mas foi pior que uma segunda-feira”, lamenta Abdon.

Fiação elétrica ruim

Além de aluguéis compatíveis com a realidade local, os comerciantes do Beco da Lama e adjacências também querem algumas melhorias para a região, como a substituição dos fios suspensos na rua por fiação embutida (apenas uma parte foi embutida com a reforma de 2021), iluminação e instalação de câmeras de segurança.

Os aluguéis estão muito caros, giram em torno de R$ 2 mil, R$ 1.500 por mês, fora água e luz. Para fazer um evento há toda uma dificuldade, como pode pagar desse jeito? Há locais que o aluguel chega até a R$ 3 mil”, critica Maria Gorette, Diretora Executiva da Sociedade dos Amigos e Amigas do Beco da Lama e Adjacências que, desde 2017, junto com os comerciantes da região, deu início a um movimento para tornar o local Patrimônio Cultural.

“Foi o que deu início ao processo de requalificação do Beco da Lama, com o nivelamento do piso e mudança em parte da fiação, que passou a ser embutida, mas a reforma parou. É preciso tombar o Beco da Lama, a Coronel Cascudo e as adjacências como um Espaço Cultural, porque facilita a questão do reordenamento elétrico. É nesse local onde se concentram as atividades culturais. Nossa maior dificuldade junto ao Corpo de Bombeiros para realizar eventos é, justamente, a falta de estrutura. Não é possível instalar estrutura nenhuma embaixo de fiação elétrica. É preciso respeitar a distância de 1,5 metro da fiação, não pode ter nada embaixo, nem de metal, pano, madeira ou alvenaria. Hoje vemos comerciantes fechando as portas e aqueles que querem empreender, não tem movimentação”, acrescenta.

Atualmente, há cerca de sete estabelecimentos fechados no Beco da Lama e adjacências. Sem conseguir negociar o valor do aluguel, o proprietário do Borogodó decidiu entregar um dos espaços que usava para guardar material como mesas e cadeiras.

“Entregamos um dos espaços que utilizávamos como depósito. É preciso considerar também o tipo de uso que se faz dos espaços, o que decidimos entregar, por exemplo, era apenas uma área de depósito, mas, infelizmente, o proprietário não entendeu e tivemos que reduzir esse custo”, lamenta Bruno Sabino, que chegou a avaliar a possibilidade de abertura de uma outra unidade do bar na Zona Norte de Natal.

Não avançamos nessa proposta ainda, só fizemos um levantamento de custos e encontramos espaços com mais estrutura e com aluguel 50% menor. Para o Beco continuar funcionando, os proprietários dos imóveis e o poder público precisam ter um carinho conosco. No último sábado trouxe Preto no Branco tirando do próprio bolso! Fazemos eventos sem nenhum apoio e acaba sendo um custo muito alto pra gente por causa do movimento fraco”, Bruno.

Adjacências

Mas, o problema não se restringe estritamente ao Beco da Lama. Em suas adjacências está o camelódromo, que atualmente possui mais bancas fechadas do que abertas, além de um telhado incompleto, que provoca inundações na área interna em dias de chuva.

“É um descaso! As telhas voaram, quando chove molha mais dentro do que fora, 90% das bancas estão fechadas porque o pessoal prefere ir pra rua, aqui dentro não chama ninguém e o povo tem até medo de entrar. Isso aqui virou uma bomba relógio”, revela Iaponira Maia Monteiro, que tem uma perfumaria e um pequeno restaurante, onde serve almoço e tira-gosto.

Com o “Rabo Cheio”, uma surpreendente rabada com jambu, Iaponira levou o 1º lugar do Festival Prato do Mundo, do Beco da Lama, em 2022, sendo novamente premiada no ano passado, em 5º lugar, com uma buchada de carneiro.

Eu só não fechei ainda porque não pago aluguel, senão, com certeza já teria baixado as portas. Também tenho uma clientela, porque trabalho com temperos naturais, comida regional, é uma comida diferenciada, que você não acha em qualquer lugar”, revela a comerciante.

Fonte: Mirella Lopes – Saiba Mais


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