Policiais são afastados após morte de mulher em operação no Passo da Pátria; caso é investigado pela Polícia Civil e PM

Quatro policiais militares do 1º Batalhão da PM foram afastados das funções operacionais por 30 dias após a morte da administradora Bárbara Kelly Araújo do Nascimento, de 39 anos, ocorrida no último sábado (12), durante uma operação policial na comunidade Passo da Pátria, na Zona Leste de Natal. O afastamento foi anunciado nesta segunda-feira (14) pela Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), durante coletiva à imprensa.
A tragédia mobilizou familiares e moradores, que acusam a Polícia Militar de ter feito o disparo que atingiu Bárbara na porta de casa. Testemunhas negam que tenha havido troca de tiros na comunidade e afirmam que a mulher foi morta durante uma ação policial, sem confronto armado.
A Secretaria de Segurança informou que os policiais afastados permanecerão por enquanto em funções administrativas. Além disso, determinou, ainda no domingo (13), a abertura de apuração sobre todos os procedimentos da operação e sobre a morte da moradora. Foram instaurados dois inquéritos: um policial militar e outro criminal, conduzido pela Polícia Civil.
O comandante-geral da PM, coronel Alarico Azevedo, afirmou que quatro armas utilizadas na operação foram recolhidas para perícia balística. “Todos esses fatos serão apurados com bastante calma e responsabilidade. Há versões diferentes sendo apresentadas. O inquérito vai esclarecer o que de fato aconteceu”, afirmou.
Durante a ação no sábado, a PM também prendeu em flagrante um suspeito por tráfico de drogas, com drogas, balança de precisão e outros materiais. O comandante enfatizou que a operação policial teve início após uma denúncia sobre tráfico na região. “Com relação aos disparos e à morte da senhora Bárbara, é isso que está sendo apurado”, disse.
A investigação criminal está sob responsabilidade da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que já iniciou as oitivas de testemunhas. O delegado adjunto da DHPP declarou que o inquérito deverá ser concluído em 30 dias, podendo ser prorrogado por mais 10. “O trabalho da Polícia Civil é técnico, imparcial e isento. A população pode ter certeza de que a verdade virá à tona, sem proteção a quem quer que seja”, afirmou.
Protestos e repercussão
Horas após a morte de Bárbara, moradores do Passo da Pátria interditaram vias da comunidade em protesto. Pneus foram incendiados e a Avenida do Contorno, um dos principais acessos da região, foi bloqueada.
Bárbara Kelly era administradora de empresas, casada há 14 anos e mãe de uma menina de apenas 4 anos, que estava com ela no momento do disparo. O caso comoveu a comunidade e ganhou grande repercussão nas redes sociais.
Durante o enterro da vítima, familiares fizeram um apelo por justiça. A irmã de Bárbara, emocionada, afirmou que a família quer respostas e que a tragédia não pode ficar impune.
A secretária de Estado das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Júlia Arruda, afirmou que a pasta está acompanhando o caso de perto. “Estamos solidários à dor dessa família e vamos nos somar ao Conselho Estadual de Direitos Humanos para oferecer o apoio necessário neste momento tão difícil”, declarou.