O líder da Oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), protagonizou um intenso bate-boca com a jornalista Andreia Sadi durante entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews, na tarde desta quinta-feira (4). O embate ocorreu após divergências sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de estado.
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O bate-boca teve início quando Marinho defendia a aprovação de uma anistia para os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro e para Bolsonaro, alegando que havia um “processo político” no Judiciário contra o ex-presidente. Ele questionou a condução do julgamento no STF, criticando o fato de que Bolsonaro está sendo julgado na 1ª Turma, e não no plenário da Corte.
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“O sistema quer retirá-lo do processo eleitoral. O que era jurisprudência, o que era legislação, o que era constitucional, deixou de ser para justificar se tirar Bolsonaro do debate político. É o primeiro ex-presidente, desde 1985, que está sendo julgado direto de uma turma, não é no pleno do tribunal. Todos os demais foram na primeira instância, sem direito a um duplo grau de jurisdição. O primeiro que está sendo julgado com esta velocidade e desta forma, praticamente sem direito de defesa”, afirmou Marinho.
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Andreia Sadi contestou os argumentos do senador, destacando que Bolsonaro já está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), independentemente do julgamento atual no STF. Ela ressaltou a regularidade da manutenção do processo, lembrando que a Corte havia fixado entendimento sobre foro privilegiado antes do julgamento do ex-presidente.
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“O senhor sabe muito bem que a discussão que está sendo feita agora é uma discussão de mudança de foro por oportunismo para salvar o ex-presidente Bolsonaro. (…) O ex-presidente Bolsonaro está inelegível por uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral, como o senhor também sabe. Esse discurso, é claro, vale para narrativa, mas não é disso que se trata”, rebateu a jornalista.
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Em outro momento, Sadi afirmou que “cada hora os senhores defendem uma causa em causa própria”, em referência à tentativa de mudar a regra sobre foro privilegiado para beneficiar Bolsonaro e tentar tirar o processo das mãos do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
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Após a intervenção de Sadi, Marinho enfatizou que a apresentadora estava dando sua opinião e não retratando fatos.
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“Dizer primeiro que é a sua opinião, a minha é outra opinião. O foro foi mudado por conveniência do tribunal – para permitir, isso é a minha opinião – justamente a retirada do presidente da República, que é a maior liderança de direito do País, do jogo eleitoral. Isso é a minha opinião”, declarou o senador.
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Ele afirmou que a mudança sobre foro privilegiado ocorreu de “forma casuística” pelo STF e que o novo entendimento da Corte só foi fechado em abril deste ano, quando o inquérito sobre a trama golpista já estava no Supremo, tornando a investigação de Bolsonaro, em sua visão, irregular.
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Sadi, por sua vez, respondeu:
“Uma coisa é a opinião, outra coisa são os fatos. Houve a mudança do foro privilegiado antes do julgamento. O senhor sabe muito bem disso. O senhor acompanha ali no Supremo em 2023.”
Bate-boca ao vivo
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Irritado, Marinho rebateu com firmeza:
“‘Eu não sei muito bem não’. Me desculpe. Esta é sua opinião. Isso é um vício de quem está entrevistando. Está dizendo qual é a minha opinião. A minha opinião é outra, diferente da sua. Eu não sei muito bem, não. O que eu sei muito bem foi o que eu disse. E o que eu disse eu assumo.”
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O embate terminou com Sadi perguntando se o senador havia concluído sua resposta, e encerrando a entrevista agradecendo a participação de Marinho. O senador finalizou com um cumprimento e desejou “boa sorte” à apresentadora.
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