A Polícia Civil de São Paulo localizou nesta sexta-feira (10) uma fábrica clandestina de bebidas em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, que utilizava etanol adulterado com metanol na produção de bebidas alcoólicas. O consumo das bebidas adulteradas causou a morte de duas pessoas por intoxicação.
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Segundo o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, o etanol continha mais de 40% de metanol, e a substância teria origem em um mesmo posto ou rede de postos de combustíveis. “Os suspeitos presos até agora não têm ligação com facções criminosas e foram prejudicados por uma organização criminosa que lucra com a adulteração do combustível”, explicou. São Bernardo do Campo é considerado o epicentro dos casos de contaminação por metanol, com 48 casos em investigação e um confirmado.
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Durante a investigação, o dono de um bar na Mooca, Zona Leste de São Paulo, confessou ter adquirido garrafas de uma fábrica não autorizada. As bebidas consumidas pelo empresário Ricardo Lopes Mira, de 54 anos, causaram sua morte em setembro, quatro dias após a ingestão. No bar, peritos encontraram nove garrafas, uma de gin e oito de vodka, sendo que oito apresentavam presença de metanol entre 14,6% e 45,1%.
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A polícia cumpriu mandados de busca e apreensão, desmantelando a fábrica e apreendendo materiais para perícia. A proprietária será presa em flagrante e deve responder por falsificação, corrupção ou adulteração de produtos alimentícios, com pena de 4 a 8 anos de reclusão, além de multa. A investigação analisa se o metanol foi usado para higienizar garrafas reaproveitadas ou para aumentar o volume de bebidas falsificadas. A Polícia Federal mantém todas as hipóteses em aberto, incluindo possível relação com tanques de metanol abandonados após megaoperação contra o crime organizado em agosto.
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O governador Tarcísio de Freitas afirmou que não há indícios de envolvimento de facções criminosas, enquanto a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) levantou suspeita de que o metanol poderia ter sido importado ilegalmente pelo PCC. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, comentou que a origem do metanol em combustíveis fósseis ainda está sendo investigada pela Polícia Federal.