Apesar de estarmos na era das redes sociais e do uso intenso da internet, o acesso à leitura continua sendo um privilégio. Prova disso é que em 2024 o Brasil ainda tinha 9,1 milhões de pessoas com 15 anos ou mais de idade analfabetas. A taxa de analfabetismo de 5,3% foi a menor da série histórica, iniciada em 2016.
Nesse contexto, surgiu a ideia para “Eu escreveria se soubesse”, livro que reúne 15 contos inspirados em relatos orais de potiguares que não sabem escrever. A proposta é valorizar a oralidade, transformando relatos em escrita.
A obra reúne 15 contos baseados em histórias reais de Ana Nascimento, Badeco, Baiana, Biuíca, Dair, Dona Neuza, Gaspar, João da Bolacha, Lurdes, Luiz Luna, Mané Mulher, Maria Margarida, Maria Pequena, Novinha e Vanusa.
As narrativas foram recolhidas em comunidades rurais, periferias urbanas, regiões de pesca e áreas de mangue de municípios como Caicó, São Fernando, Macau, Canguaretama, Parnamirim e Natal.

“Já tínhamos ouvido frases como essa que dá título ao livro, minha daria um livro, pena que não sei escrever e quando surgiu a oportunidade do edital da Lei Paulo Gustavo submetemos a proposta de percorrer o estado para encontrar 15 personagens que fossem, na verdade, autores do livro. Eles são os autores, fizemos com muito respeito a oralidade, só mudamos a posição de alguns fatos dentro da narrativa, como deixar alguma coisa para o final, como se fosse uma revelação. No sentido de prender o leitor, mas a contação, a forma como está escrita é, justamente, a forma como foi contada por eles”, detalha Octávio Santiago, jornalista e doutor em Comunicação que, junto com Ana Santana Souza, doutora em Literatura Comparada e professora aposentada da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Anna Karlla Fontes, jornalista com atuação voltada à narrativa oral, organizaram o livro.
Além dos contos, o livro traz perfis biográficos que aproximam o leitor das trajetórias reais por trás das histórias. Parte da tiragem será destinada à doação para escolas, bibliotecas comunitárias e salas de leitura. O livro também poderá ser adquirido com os coautores e junto à editora Sol Negro ([email protected]). A obra vai contar, ainda, com versão em audiolivro disponível no Spotify.
O livro, que aborda temas como trabalho infantil, deslocamentos, abandonos, vínculos comunitários e meios de viver e resistir no Estado, foi financiado pela Lei Paulo Gustavo, por meio do Governo do Estado do Rio Grande do Norte.
Fonte: saibamais.jor.br