Mensagens de celular recuperadas pela Polícia Federal revelam um embate ríspido entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), em meio à crise internacional provocada pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil e pelas sanções aplicadas contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
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O episódio ocorreu no dia 15 de julho, quando Eduardo enviou ao pai uma mensagem em tom agressivo, após críticas à sua atuação e elogios de Jair Bolsonaro ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
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“Eu ia deixar de lado a história do Tarcísio, mas graças aos elogios que você fez a mim no Poder360, estou pensando seriamente em dar mais uma porrada nele, para ver se você aprende. VTNC, seu ingrato do caralho”, escreveu o deputado.
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Na sequência, Eduardo voltou a se queixar, em tom irônico, ao relacionar a postura do pai com possíveis barreiras para encontros políticos nos Estados Unidos. “Tenha responsabilidade! Se não posso me reunir com autoridades, quem se foderá será você”, disparou.

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Bolsonaro respondeu por meio de dois áudios, cujo conteúdo não foi recuperado pela PF. Eduardo, então, enviou outro áudio e voltou a provocar: “Quero que você olhe para mim e enxergue o Temer. Você falaria isso do Temer?”.
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Diante da escalada, Jair Bolsonaro tentou encerrar a discussão, prometendo esclarecer a situação em uma próxima entrevista. O filho, porém, reagiu pedindo para ser deixado de fora: “Ou não fale nada. Me deixa de lado”.
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Pouco depois, o ex-presidente encaminhou ao parlamentar uma reportagem de O Globo sobre as tensões entre ele e Tarcísio de Freitas.
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Após a divulgação do conteúdo das mensagens, Eduardo Bolsonaro publicou uma nota nas redes sociais. Ele negou que buscasse interferir em processos no Brasil com sua atuação nos Estados Unidos, afirmando que seu objetivo era “restabelecer as liberdades individuais no país”.
O deputado também criticou duramente o indiciamento pela Polícia Federal, que classificou como “absolutamente delirante”. Segundo ele, a corporação estaria tentando desgastá-lo politicamente.
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“É lamentável e vergonhoso ver a Polícia Federal tratar como crime o vazamento de conversas privadas, absolutamente normais, entre pai e filho e seus aliados. Se meu crime for lutar contra a ditadura brasileira, declaro-me culpado de antemão”, escreveu Eduardo.
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